O projeto foi concebido inicialmente
como uma pesquisa teórica e prática a partir de biografia pessoal misturada ao
uso das novas tecnologias e seus desdobramentos no palco. Todavia, no decorrer das
aulas do primeiro semestre e dos encontros de orientação, cheguei a conclusão
de que eu poderia acabar repetindo uma pesquisa que eu já havia feito ao
longo dos anos dentro da universidade como
aluno, e fora dela como ator. Então transformei a proposta inicial e passei a
me focar na relação do teatro com as tecnologias. A materialidade de tudo que ocupa o espaço da
cena tensionado com as imagens feitas de luz seria a problemática a se
refletir. O projeto enfim tinha se virtualizado: o corpo presente do ator
versus seu corpo projetado, bem como as inúmeras superfícies de projeção
possíveis(na fumaça, no chão e paredes do teatro, em bolhas de sabão e outros
objetos geométricos, no próprio corpo do ator e etc).
No entanto,
as sementes de uma virtualização de outra ordem na minha cabeça começava a
nascer. Pesquisar simplesmente essa zona de tensão não bastava. Parecia um
material rico em potências mas vazio. Como um objeto brilhante mas oco, de
frágil consistência. Além do mais, nas minhas aventuras constantes na Internet,
que se tornaram um “hobby” há muito
tempo, me deparei com fragmentos em vídeo de espetáculos de toda ordem e vindo
de todos os lugares do globo. Das pesquisas de superfícies de projeção ao
aspecto relacional dos atores com as imagens projetadas. Novamente uma estranha
impressão de que eu estaria repetindo experiências passadas.
Foi então,
depois de alguns meses de angústias e indeterminações, fase não isenta de
potências e descobertas, pela qual passa todo mestrando, que cheguei a questão a ser desenvolvida na minha pesquisa.
Justamente o que as imagens destes espetáculos que eu garimpava na net não
mostravam, foi o que começou a despertar o meu interesse; o processo de feitura
daquilo tudo. Uma camada específica da encenação que está ali, na hora da sua
apresentação mas permanece invisível para quem assiste. As relações que teriam que se reorganizar no
grupo, as novas demandas exigidas dos artistas envolvidos e as configurações
que renascem na fronterira entre o teatro e novas tecnologias. E mais, como
elas podem servir como uma fonte de provocação para os artistas envolvidos no
processo criativo da cena. Virtualizar as tecnologias é transformá-las em um
complexo problemático que desafie a equipe artística, e que a instigue a
encontrar soluções criativas para o impasse. Nascia assim o experimento “Um
Títere de Si Mesmo”.
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