UM TÍTERE DE SI MESMO: a imagem como interface dos jogos estabelecidos em uma Criação Sistêmica

Espaço de reflexão do mestrado em artes cênicas (UFRGS). A pesquisa tem por proposta central investigar de que forma as imagens virtuais podem agenciar processos criativos no campo teatral. Para tanto, elaborei uma metodologia onde a noção de “Criação Sistêmica” articula um jogo dinâmico de trocas de materiais criativos para a cena, através dos sujeitos participantes da pesquisa. O resultado cênico foi partilhado através do experimento prático “Um Títere de Si Mesmo”, onde imagens virtuais serviram de fonte de provocação e desestabilização entre os artistas envolvidos. Em memorial reflexivo, relato a caminhada e as inúmeras transformações habitadas pelas imagens: o texto, o corpo, o vídeo, a música, e a representação. Foram empregados materiais disponibilizados pela Internet e equipamentos como câmeras e projetores para construções virtuais sobre a cena. Em termos poéticos, a experimentação reflete a hibridação do ator com as mídias audiovisuais, observando princípios do teatro e da performance. Bolsa CAPES.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Começo - parte 4


O próximo passo é descrever essas imagens. Transformá-las em palavras que poderão ser usadas na montagem dos quadros na fase de ensaios em sala. É um momento criativo de passagem. A passagem da imagem para a palavra, de uma linguagem para outra, revelando as dobras que indicam possibilidades poéticas.. As palavras vão nascer únicamente das imagens.
            Como eu me relaciono, como eu me coloco frente as imagens escolhidas? Sou participante ou observador, eu faço parte delas? Como me aproximar, que atitudes tomar frente a elas, como decifrá-las é o que gera inquietação. Como interagir performaticamente com essas imagens que carregam a marca do seu tempo? Sou absorvido pelos aspectos afetivos, estéticos, pelas histórias que elas carregam. Eu não lido com a materialidade das imagens, elas colorem a superfície do meu monitor; mas  o que aparece em quadro elimina a distância entre a foto e eu que observo. Interpretar imagens está ligado as experiências pessoais de cada um somado a bagagem histórica dessas imagens. Interpretar as imagens pode significar unir-se a elas para sempre como, ao mesmo tempo, entender que elas também não se rendem a significados únicos. 

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