A proposta era trabalhar com o suporte tecnologico que
estivesse a mão. Um macbook, um projetor de slides com inúmeros diapositivos,
canetas laser e uma camêra digital caseira para documentar a ação. Experimentar
sobreposições de imagens no meu corpo. No monitor meus
duplos repetiam a ação de comer bolacha ou simplesmente contemplar o ambiente
modificado pela luz. Duplos virtuais que destendiam a ação, como ecos
tecnológicos perdidos no tempo.
Os slides, ora desenhavam na minha pele tons cromáticos
variados me hibridizando com o desenho
luminoso, ora revelavam imagens da parte de dentro do corpo; coluna, artérias,
pulmão entre outras imagens aleatórias. A noção de “corpo esquadrinhado”
proposto por Santaella(2002)sempre me interessou como uma possibilidade de
conhecer aspectos físicos não visíveis do corpo. Máquinas para diagnósticos
médicos que vigiam o corpo e o revelam por dentro sem a necessidade de
cortá-lo; ressonância magnética, raios-X dos ossos, ecogafia, tomografia e etc.
Imagens estáticas ou em movimento dos organismos que nos compõem. O corpo
completamente desvelado nos seus contornos mais íntimos, dessexualizados e
devolvido em forma de imagens, que agora se mesclam com a superfície do meu
corpo.
Os lasers ampliaram a textura na superfícies dos objetos e da
minha pele. Uma experiência temporal e
cromática onde eu procurei conservar uma corporalidade cotidiana, não
representacional. O foco era na vivência estética construída naquele momento.
Uma primeiríssima experimentação.
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